quarta-feira, 26 de novembro de 2008

52 - INTRODUÇÃO HISTÓRICA


INTRODUÇÃO HISTÓRICA - DO LIVRO: EPOPÉIA DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE XADREZ-VOL I


por: Waldemar Costa (Jornalista, Historiador e Enxadrista)


O Xadrez do Brasil nasceu no século XIX. O pai foi o grande pianista português Arthur Napoleão (1843-1925), que se radicou no Rio de janeiro, a então Corte do Imperador Dom Pedro II (1825-1891). Além de músico e enxadrista, ele gostava de escrever. E fazia isso também muito bem. Devido as suas narrativas, as iniciativas enxadristicas da sua época são conhecidas nos dias de hoje. Antes, caímos numa escuridão total em relação ao xadrez. Não existe documentação sobre atividades anteriores ao século XIX. Ao que parece, a vida da nação essencialmente agrícola não permitiu ao jogo-ciência criar raízes . Há porem, divagações hipotéticas sobre partidas realizadas em nosso território nos 3(três) primeiros séculos da existência do Brasil. Uma delas é interessante e até possível de ter acontecido: a partida disputada na noite do descobrimento entre Pero Vaz de Caminha (1450-1500) e Pedro Álvares Cabral (1450-1520).
A Europa de 8 de março de 1500, data que Cabral deixou Lisboa com seus navios, era fascinada pelo jogo de xadrez. Nas cortes dos reis e entre a nobreza de todos paises europeus, o xadrez era a principal diversão. O livro do espanhol Ramirez de Lucena “Repeticion de Amores y Arte de Axedrez”, publicado três anos antes, era vendido pelo próprio autor. O melhor enxadrista do Continente era o boticário Damiano. Em 1500, Damiano provavelmente já estaria preparando o tratado de xadrez , que editou em Roma no ano de 1512. Pedro Álvares Cabral pertencia a fidalguia. Assim é bem provável que praticasse o xadrez. Além do mais, sabe-se os navegantes lusitanos tinham por habito jogar xadrez nas longas viagens marítimas. O historiador renascentista português João de Barros (1496-1570), autor de “Décadas da Ásia”, deixou esse fato gravado nos seus livros.
Quanto ao escrivão Pero Vaz de Caminha, não há duvida que amava o xadrez e sua paixão deveria ser grande, pois quando escreveu ao Rei de Portugal Dom Manuel (1469-1521), narrando a descoberta, fez diversas referencias as peças e ao tabuleiro. Em certo trecho cita que os beiços dos selvagens, furados e ornamentados, pareciam com as torres do xadrez!
Em seu livro “A Carta de Pero Vaz Caminha”, o escritor Jaime Cortesão (1884-1960) supõe que o escrivão jogou xadrez antes de escrever. Por isso serviu-se das figuras das peças do jogo para dar maior realidade ao seu relato sobre a aparência dos nativos e coisas da nova terra. Cortesão acrescentou que Caminha deve ter jogado a bordo da nau capitania com os da sua igualha social. Essas considerações de Jaime Cortesão fizeram que o Bibliografo e enxadrista Renato Berbert de Castro (1914-1999), em artigo na revista “Xadrez Brasileiro” (setembro de 1947), especula que a primeira partida de xadrez no Brasil foi entre Caminha e Cabral!

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